Pitadas de sal a mais na infância e na adolescência favorecem ganho de peso

Pitadas de sal a mais na infância e na adolescência favorecem ganho de peso

O consumo em excesso de sal na adolescência aumenta o risco de obesidade – Crédito: Africa Studio/Shutterstock
O consumo em excesso de sal na adolescência aumenta o risco de obesidade – Crédito: Africa Studio/Shutterstock

Níveis elevados de sódio estão associados a maior risco de obesidade

Uma pesquisa publicada na versão digital da revista científica “Pediatrics” relaciona a ingestão de grandes porções de sal à obesidade entre adolescentes. O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade Georgia Regents, em Augusta, nos Estados Unidos, avaliou a dieta de 766 americanos brancos e afrodescendentes entre 14 e 18 anos e constatou que níveis elevados de sódio estão associados a um maior ganho de peso. Os resultados mostram que os jovens americanos ingerem por dia 3,3 gramas de sódio, quase o dobro do que é recomendado pela American Heart Association.

“É muito difícil dissociar o consumo excessivo de sal de uma dieta inadequada. Outros estudos já haviam demonstrado a relação entre o consumo de sal e a obesidade. Este, pela primeira vez, sugere que a associação existe independentemente da ingestão calórica. Mas os autores mencionam no artigo que ainda não se sabe como essa relação se dá. O mais importante, porém, é que já foi amplamente demonstrado que o consumo excessivo de sal projeta um futuro devastador”, alerta a médica Andréa Araujo Brandão, professora de Cardiologia da Uerj e membro das sociedades brasileiras de Cardiologia e de Hipertensão.

A especialista enfatiza que o ideal é não usar mais de três gramas de sal de cozinha, o equivalente a três colheres de chá rasas, ao dia. A esse valor ainda são acrescidos mais dois gramas contidos naturalmente nos alimentos: “Cinco gramas de cloreto de sódio, o sal de cozinha, contêm pouco menos de dois gramas de sódio. Essa é a quantidade aceitável. Mas estima-se que, no Brasil, o consumo diário de sal per capita seja de 10 a 12 gramas”, afirma ela, que é coautora do livro “Hipertensão”. “Esse hábito tem uma repercussão grave no organismo, especialmente quando começa muito cedo. Ocorrem lesões progressivas das paredes das artérias, elevação da pressão arterial, aumento de peso e outras complicações que podem levar a problemas cardiovasculares ainda no início da idade adulta.”

Para quem quer – ou precisa – reduzir o sódio na dieta, a orientação é evitar os alimentos industrializados, especialmente os pré-prontos e os chamados alimentos de pacote. Fuja dos caldos em cubinhos, lasanhas congeladas, batatas fritas e outros salgadinhos: “Esse tipo de alimento contém níveis de sódio muito acima do que nosso organismo necessita”, enfatiza a médica, sugerindo ainda tirar o saleiro da mesa de jantar. “Cai muito mais sal do que precisaríamos para temperar a salada.”

Porém não é só nos salgados que o sódio se esconde. Doces e refrigerantes, principalmente nas versões light e zero, têm altos teores da substância. E até os sucos de fruta em caixinha podem apresentar taxas elevadas. Por isso, a cardiologista defende políticas de promoção de saúde que incluam a redução da quantidade de sal nos alimentos industrializados, campanhas de conscientização da população e um trabalho educativo nas escolas: “A educação das crianças é capaz de mudar os hábitos da família inteira”.

Fonte: Saúde360

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