Tem medo de dentista? Cuidado para não passá-lo para seu filho

Tem medo de dentista? Cuidado para não passá-lo para seu filho

Estudo mostra que receio dos pais pode, sim, ser transmitido para as crianças. Veja como evitar esse tipo de problema

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Elisa Feres

Você fica todo arrepiado sempre que entra no consultório e ouve o barulhinho dos aparelhos do seu dentista? Se a resposta for sim, fique atento! De acordo com um estudo feito pela Universidade de Madrid, os adultos, às vezes sem perceber, podem passar seus receios para os filhos.

Os pesquisadores da instituição analisaram o comportamento de 183 crianças entre 7 e 12 anos e dos pais de cada uma delas e comprovaram que, se o pai ou a mãe tem medo, o filho está mais propenso a ter também. A odontopediatra Lúcia Coutinho, coordenadora do grupo de saúde oral da Sociedade de Pediatria de São Paulo, conta como isso acontece. “Existem dois tipos de medo: o objetivo e o subjetivo. O primeiro acontece quando a criança vai ao dentista e, por não ser bem conduzida no tratamento, sente alguma dor e sofre um trauma. O subjetivo, por sua vez, acontece quando a criança não passa por esse processo de dor, apenas ouve outras pessoas falando sobre ele. É esse segundo que pode ser transmitido dos pais para os filhos”, diz.

Isso pode acontecer em qualquer período da vida da criança, afinal desde sempre ela está em constante contato com os pais. Quando tem 2 anos de idade ou mais, no entanto, o processo é mais rápido. “O filho se espelha no comportamento dos pais ou de qualquer outro responsável que ele enxerga como referência. E, especificamente a partir dessa idade, começa a ter um comportamento de imitação em relação a eles”, explica a psicóloga Melina Blanco Amarins, do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).

O que fazer

De acordo com Lúcia, a maneira mais eficiente de evitar essa transferência é ter cuidado com as suas atitudes na frente das crianças. Evite fazer qualquer tipo de comentário perto de seu filho que revele seu medo e tente fazê-lo entender que o dentista não é alguém que quer machucá-lo. “Às vezes, sem notar, o adulto chega ao consultório com o filho e fala: ‘doutora, morro de medo de dentista, mas não quero que ele seja igual’. Nós temos que entender e respeitar esse trauma do paciente para tratá-lo da melhor maneira possível, mas coisas desse tipo não podem ser faladas ao lado de uma criança”, afirma a especialista.

Se você não tem medo, mas o pai ou alguém próximo da criança tem, também deverá desempenhar um papel importante: o de servir como mediador e orientá-la a esconder esse sentimento da criança.

Escolha do dentista

Lúcia alerta ainda para os riscos de escolher um profissional pouco qualificado para cuidar das crianças. O odontopediatra responsável pelo tratamento de seu filho deve saber lidar com ele para conseguir criar laços de amizade e segurança. Quando o paciente confia no profissional, o tratamento se torna muito mais tranquilo e eficaz. O ambiente do consultório também pode ajudar a deixar as crianças mais confortáveis se for composto por paredes coloridas, objetos lúdicos e brinquedos.

Medo x fobia

Todos nós temos medo de alguma coisa – e isso é absolutamente normal. Mas não se esqueça de que é preciso saber diferenciar medo de fobia. Se o seu medo de dentista for muito intenso, pode ser que precise da ajuda de um profissional para controlá-lo e evitar que seu filho também o desenvolva. “O medo é positivo, faz a gente parar e pensar antes de tomar determinadas atitudes. Se ele for incontrolável, pode ser uma fobia. Nesse caso, um psicólogo terá pontos específicos para trabalhar”, diz Melina.

Quando levar seu filho ao dentista?

A primeira consulta deve ser feita assim que nascer o primeiro dente da criança, o que acontece entre 6 meses e 1 ano. Nesse momento, os pais recebem orientações sobre amamentação, chupetas, mastigação e higiene. “É um tratamento inicial para evitar a formação de cáries. Se a criança não tiver cárie, não passará por nenhuma dor e, se os pais colaborarem, ela não desenvolverá traumas futuros”, finaliza a odontopediatra.

Elisa Feres

FONTE: Revista Crescer

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