Uma pesquisa norte-americana descobriu que mães de três crianças são as mais estressadas. Autocobrança e falta de organização do tempo estão entre os principais motivos. Aprenda a driblar as dificuldades que aparecem em casa com muitas crianças
Por Andressa Basilio – atualizada em 22/05/2013 19h11
Está pensando em ter mais um filho? Melhor você ler essa matéria antes. O site norte-americano Today.com, do canal de TV NBC, fez uma enquete com mais de 7 mil mulheres e descobriu que mães de três filhos são as mais estressadas, atingindo uma média de 8,5 em um ranking de estresse de 1 a 10. Engana-se quem pensa que quanto mais filhos, pior. A pesquisa descobriu também que a partir do 4º filho, a mulher tende a relaxar mais, já que as crianças começam a cuidar umas das outras.
Mas, afinal, o que deixa essas mães tão estressadas? Tudo! De falta de dinheiro atétempo para equilibrar as demandas do trabalho e de casa. Isso sem mencionar o companheiro, que muitas vezes parece outra criança precisando de atenção, segundo o estudo. Porém, 75% das participantes listaram como principal motivo a autocobrança para ser “a mãe perfeita”.
Se você também busca a perfeição, saiba: nem sempre seu filho vai ser o mais bonzinho, tirar notas altas, dormir na hora certa e amar todos os tipos de legume e fruta. E isso não faz de você uma mãe ruim ou menos competente. Para a psicóloga e terapeuta Denise Pará Diniz, coordenadora do Centro de Controle do Estresse e Qualidade de Vida, da Unifesp, a ideia de mãe perfeita foi imposta por valores socioculturais ultrapassados. “As mães ficam ansiosas para corresponder às expectativas da sociedade. Mas os tempos de hoje são outros. A vida está mais corrida, as crianças menos dependentes, por isso a mulher não deve passar o tempo todo se cobrando. Do contrário, se frustram e podem até ficar doentes.”
Ana Marusia Pinheiro, de Brasília, não sofre com essas preocupações, apesar de ter três filhos, de 10, 7 e 5 anos de idade. “Depois do terceiro eu aprendi a ficar menos encanada com as coisas, com menos expectativa também. Eu aprendi que às vezes você precisa parar de querer ensinar tudo para eles e deixá-los ensinar coisas para você também, dar colo e até conselhos”, conta. Além disso, vê a humildade como outro ponto positivo de uma maternidade grande. “Quando você é mãe de três, aprende a ser mais humilde. Você tem um filho e aplica uma teoria da sua cabeça. Funciona. Você aplica com o segundo e funciona, aí você se acha autoridade no assunto, a melhor mãe do mundo. Isso até vir o terceiro e botar tudo à prova!”
Se você é daquelas mães que se cobram demais e acham que precisam fazer de tudo para os filhos o tempo todo, a dica é tirar o pé do freio e, é claro, organizar melhor o seu tempo. Colocar num papel as tarefas diárias das crianças e as suas pode ajudar a enxergar se você não está gastando energia demais à toa. “Não se esqueça de incluir na lista as coisas de que você gosta e deseja fazer ao longo da semana. Afinal, ter um tempo para você é muito importante também, ainda mais para aquelas mulheres com muitos filhos”, afirma a psicóloga da Unifesp.
Contar com a ajuda de parentes e amigos pode ser uma ótima alternativa para ajudar a equilibrar a vida – e não significa que você não dá conta dos filhos sozinha. Pelo contrário: avós e padrinhos geralmente adoram passar uma tarde com as crianças. Não tem problema nenhum pedir socorro de vez em quando.
Outra coisa que pais com mais de um filho precisam tomar cuidado é para não cair na armadilha da comparação. Frases como “seu irmão não fazia xixi na cama” ou “por que você não é boazinha como ela?” ficam cada vez mais comuns quanto maior é o número de filhos. Ana Marusia sente isso na pele e diz que tenta não ver os filhos como “um mesmo pacote”. “Apesar de a gente dar a mesma educação, eles têm personalidades diferentes e meu marido e eu sabemos que precisamos respeitar isso. E tentamos dar atenção para cada um deles”, diz.
Para Henriqueta Valporto, pediatra e psicoterapeuta do Instituto Fernandes Figueira Fiocruz (RJ), é natural os pais observarem as diferenças entre os filhos mais novos e os mais velhos, afinal, experiências anteriores fazem parte do aprendizado familiar. O problema é quando a comparação estimula a competição. “Quando os pais falam que o irmão é melhor, a comparação torna-se prejudicial e pode ferir a auto-estima da criança e estimular o ciúme. A criança entende que ela é pior, que os pais gostam menos dela e isso pode acabar marcando a vida dela para sempre”, ensina. Para fugir desta armadilha, o melhor é incentivar as crianças a atingirem seus objetivos, em vez de comparar defeitos e qualidades.
FONTE: Revista Crescer