Brincar na cama elástica: sim ou não?

Brincar na cama elástica: sim ou não?

O seu filho já se machucou pulando em uma cama elástica? Uma nova recomendação da Academia Americana de Pediatria, publicada na edição de outubro do jornal científicoPediatrics, desencoraja pais e pediatras a deixarem as crianças usarem esse brinquedo. No documento, os especialistas alertam sobre as lesões decorrentes da atividade e usam como base um relatório do Sistema Eletrônico Nacional de Vigilância de Lesões (NEISS, em inglês), que mostrou que 98 mil pessoas se machucaram em camas elásticas só em 2009, sendo que 70 mil eram crianças, de 0 a 14 anos.

E o problema não acontece só nos Estados Unidos. Nos fins de semana, as lesões em camas elásticas são o maior motivo de entrada de crianças no Hospital Infantil Sabará, em São Paulo, segundo a ortopedista pediátrica Daniela Rancan. “Elas caem de mau jeito e costumam fraturar, principalmente, o tornozelo, o punho e o antebraço”, explica. Para a médica, é fundamental ter um adulto por perto, mas nem sempre é assim. De acordo com o relatório norte-americano, cerca de metade dos acidentes acontece quando não há supervisão.

O que mais acontece é uma criança cair em cima da outra. O estudo mostra que 75% das lesões ocorrem quando há mais de uma pessoa pulando ao mesmo tempo. Embora até os fabricantes de camas elásticas recomendem que seja uma de cada vez, isso dificilmente é respeitado, já que, muitas vezes, o brinquedo é colocado em festas de aniversários ou em outras reuniões infantis. Não há uma orientação geral sobre o número de participantes, mas o ideal é evitar aglomerações. “A criança precisa de 1 a 2 metros de espaço físico só para ela, porque ela não pula sempre no mesmo lugar, acaba se deslocando”, diz o professor de educação física Roberto Simão, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Também é preciso adequar o tamanho de quem vai brincar junto. Mais do que a idade, o importante é juntar crianças com altura e peso semelhantes, porque as menores têm menos coordenação e equilíbrio e, por isso, mais chances de se machucar. Segundo dados do NEISS, 75% das fraturas e deslocamentos acontecem em crianças menores de 5 anos. De acordo com os especialistas, a idade mais segura para a cama elástica é entre 8 e 12 anos.

Outra recomendação é entrar na cama elástica sem sapato. “O calçado dá mais margem para uma torção, pois não foi feito para áreas de instabilidade. Já o pé, sim, foi projetado para andar descalço”, afirma o ortopedista pediátrico Henrique Fialho, da Unifesp. Ter uma área de segurança em volta do pula-pula e observar a qualidade do brinquedo também ajuda. Veja se não há molas soltas e se a rede de proteção está em boas condições. E se a criança acabou de comer, é melhor esperar duas horas necessárias para a digestão antes de pular.

Embora a Academia Americana de Pediatria não recomende a atividade para crianças, os especialistas ponderam que não é preciso proibir, apenas orientar e supervisionar. “Qualquer tipo de atividade física pode gerar lesão. O futebol é a atividade que mais provoca machucados, por exemplo. A criança está sempre exposta ao risco”, afirma Simão. Além disso, diz, a cama elástica exercita o equilíbrio, fortalece a musculatura e treina a coordenação, sem contar que é uma brincadeira que as crianças adoram. Assim, se você decidir deixar seu filho participar, fique sempre de olho para minimizar as chances de acidentes.

Em nossa página do Facebook, o assunto ganhou fôlego. Enquanto parte dos pais acha que a recomendação é um exagero, parte acredita que faça sentido, sim. Veja o que alguns leitores responderam quando perguntamos se concordavam com a orientação:

* Marcela Carvalhido Com certeza!!!!! Passei o maior sufoco com minha filha de 9 anos!! Apoiadíssssiimoooo!!!!

* Fernanda Reis Brincar de pega-pega oferece riscos de queda… Não dá pra proibir tudo…

* Aline Abi Zaid B de Abreu Concordo. Já presenciei uma fratura exposta em uma criança de 3 anos. O difícil é dizer não. Mas só deixo minha filha de 4 anos ir quando não tem ninguém e ela já tem consciência disso.

* Carolina Chequer Temos que ter consciência de que algumas coisas necessitam de uma certa maturidade corporal, e, no caso do pula-pula, uma criança não possui. Concordo e acho que deveria ser proibido para crianças a não ser em casos especificos de treinamento com profissionais habilitados.

* Raquel Brandão Ah, gente, sinceramente, se for proibir tudo que pode machucar criança daqui a pouco vão recomendar deixar as crianças em uma gaiola! Minha filha já machucou o pé no escorregador, e daí ?

* Cinthia Mitie Higashiyama Concordo. É uma das maiores causas de fraturas em crianças.

 

FONTE: Revista Crescer

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