A queridinha da reciclagem

A queridinha da reciclagem

Enquanto o volume de plástico usado na produção de garrafas PET aumentou 91% em uma década, a quantidade reciclada cresceu 230% no mesmo período

A expressão “fei­­ta com garrafas PET” resulta em mais de 500 mil citações no Google. Não é para menos: proliferam os mais variados tipos de reciclagens e reaproveitamentos a partir dessa embalagem plástica. De trabalhos escolares à matéria-prima na indústria de tecelagem, passando por uma série de projetos inusitados e criativos, a garrafa PET está no topo da lista dos materiais recicláveis mais usados.

Na semana passada, um dos principais prêmios voltados ao estímulo de iniciativas universitárias sagrou vencedor um projeto baseado em garrafas PET. O Instituto 3M deu a vitória a um espaço piloto que avalia o conforto térmico de construções feitas com materiais recicláveis. Comprovada a viabilidade da empreitada, os estudantes pretendem que o modelo de obra seja aplicado em assentamentos e conjuntos habitacionais.

Vantagens

Firme e ao mesmo tempo moldável, o plástico da garrafa PET se adapta com facilidade a um enorme número de projetos. Em comparação com outros materiais, tem a vantagem de ser limpo. Mesmo o baixo valor de mercado, que é um empecilho para que a reciclagem do plástico seja ainda maior – ao contrário do que ocorre com as latinhas de alumínio, por exemplo – acaba sendo uma vantagem para os empreendedores que decidem dar outras utilidades para as garrafas PET.

Há ambientalistas que torcem o nariz para os projetos com as embalagens plásticas, por acreditarem que o processo apenas adia a destinação final do produto e que o necessário mesmo é reduzir o uso. Mas a reciclagem de garrafas PET tem aumentado muito mais do que a produção das embalagens. Enquanto a quantidade do plástico especial – politereftalato de etileno, origem da sigla PET – cresceu 91% em uma década na indústria, o montante reciclado subiu 230% no mesmo período.

O executivo de relações com o mercado da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), Hermes Contesini, comenta que, além de mais iniciativas de reciclagem, o desenvolvimento de técnicas eficientes na produção reduziram a quantidade aplicada de plástico no processo fabril primário.

A estimativa da Abipet é de que a embalagem seja o segundo ou terceiro material mais reciclado no Brasil. O dado mais recente, de 2011, indica que a reciclagem chega a 57,1% (294 mil toneladas) do total produzido ao ano (515 mil toneladas). Atualmente, com faturamento de R$ 1,2 bilhão, a reciclagem responde por mais de um terço de todo o faturamento da indústria do PET no Brasil. Como não pode ser usada na indústria alimentícia depois de reproveitada, a garrafa PET migra para outros setores fabris. O mercado têxtil é o principal destino, com 40% de tudo o que é reciclado. Mas ainda sobram garrafas para os trabalinhos escolares.

 

Fonte: Gazeta do Povo

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