Projeto de lei quer implantar tratamento da dislexia em escolas públicas

Projeto de lei quer implantar tratamento da dislexia em escolas públicas

Proposta da Câmara dos Deputados pretende capacitar profissionais para facilitar o diagnóstico e aumentar o acompanhamento de crianças disléxicas

Marcela Bourroul

Um projeto de lei para melhorar o diagnóstico de dislexia nas escolas e oferecer suporte adequado aos alunos está sendo discutido na Câmara dos Deputados. De autoria do deputado federal Manoel Junior (PMDB-PB), o texto prevê a atuação de uma equipe multidisciplinar nas unidades públicas de ensino, responsáveis pelo diagnóstico e acompanhamento de crianças disléxicas. O projeto também quer garantir que os professores saibam lidar com o problema no ambiente escolar e que essas crianças tenham acesso aos recursos didáticos adequados para seu aprendizado.

Segundo Manoel Junior, o principal objetivo da proposta é impedir que a criança disléxica seja tratada como preguiçosa, além de garantir que receba o tratamento adequado e não chegue à adolescência com defasagens no conhecimento e dificuldade de aprendizado. Para o deputado, fazer o diagnóstico precoce e começar o tratamento já nos primeiros anos de ensino permite uma maior integração do disléxico com a escola, facilitando sua vida social e prevenindo consequências emocionais, como a baixa autoestima, e comportamentais mais graves.

“As equipes mulltidisciplinares [compostas por educadores, psicólogos, psicopedagogos e médicos] poderão fazer o diagnóstico mais detalhado do aluno, já que há diferentes fatores que causam a dislexia, e um tratamento para cada um. Os professores também precisam de instruções adequadas para conhecer o distúrbio e ajudar no diagnóstico”, diz Manoel. O texto ainda passará por comissões da Câmara antes de ser enviado ao Senado.

Diagnóstico precoce

O diagnóstico da dislexia é fundamental para ajudar a criança a contornar o problema. E estudos sugerem que ele pode ser feito até antes da alfabetização. Em uma pesquisa recente publicada na revista Current Biology, cientistas italianos mostraram queproblemas na capacidade de atenção visual podem ser um indício de que a criança terá dificuldades no futuro. Outro estudo, dessa vez do Children’s Hospital de Boston, EUA, em parceria com pesquisadores da Universidade de Harvard, constatou a partir de imagens de ressonância magnética que o cérebro das crianças que poderiam ter o transtorno neurológico apresentava menor atividade em certas regiões.



Os cientistas acreditam que o diagnóstico precoce contribui para o desenvolvimento. “Nós acreditamos que identificar a alteração na pré-escola ou antes dela pode ajudar a reduzir os impactos sociais e psicológicos”, declarou Nora Raschle, líder da pesquisa norte-americana.

Identificando a dislexia 

Fique atento a alguns sinais que seu filho pode apresentar: falar tardiamente, ter problemas em pronunciar determinados fonemas, não identificar rimas em músicas, demonstrar falta de coordenação motora, não ser capaz de resolver quebra-cabeças, desinteressar-se por livros impressos, entre outros.

Se o seu filho manifestou algum desses sintomas, não significa que ele é disléxico, mas servem como alerta para procurar ajuda de um profissional. Caso a criança seja diagnosticada como disléxica, é importante procurar uma escola que esteja preparada para receber alunos com o transtorno. “O acompanhamento de neurologistas, psicólogos, psicopedagogos e fonoaudiólogos é importante. Mas o fundamental é o trabalho escolar”, diz a educadora e psicanalista Nívea Fabrício, diretora do Colégio Graphein (SP), especializado em atender crianças com necessidades especiais.

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