A importância do desenho

A importância do desenho

Seja para brincar ou para fazer uma tarefa escolar, o grafismo na infância está presente desde muito cedo. Basta que a criança consiga empunhar um giz de cera para que ela comece a se expressar. Veja como enriquecer ainda mais esse momento

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De repente, o papel branco ganha rabiscos, formas e cores. A mão, ainda tão pequena, faz  os desenhos mais diferentes que você já viu na vida.

– Mãe, olha, fiz um jacaré!

Você, claro, sorri, diante daquele monte de traços malucos espalhados pelo papel. Toda criança gosta de desenhar e, apesar de parecer apenas uma brincadeira, isso faz parte do desenvolvimento do seu filho. Tanto é que uma pesquisa feita pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade Kings College London, no Reino Unido, mostrou que o desenho pode ser um indicador da inteligência de cada um no futuro.

Para chegar a esse resultado, os pesquisadores analisaram 15.504 crianças de 4 anos. Os pais pediram que elas fizessem um desenho, que recebeu uma nota em uma escala de 0 a 12. Essa pontuação levou em conta se a criança desenhava o corpo humano completo, ou seja, com cabeça, tronco, pernas e braços.

Dez anos mais tarde, quando os desenhistas já tinham 14 anos, eles passaram por um teste de inteligência. Os cientistas, então, perceberam que, quem teve notas mais altas nos desenhos feitos aos 4 anos, também foi melhor nas avaliações.

Segundo a pesquisadora Rosalind Arden, que liderou o estudo, os pais não precisam se preocupar se a criança não desenha bem, já que existem outros fatores fundamentais, como a genética e o ambiente, para o desenvolvimento da inteligência. “O mais importante é oferecer todos os recursos para que a criança desenhe à vontade, o quanto quiser”, explica o pedagogo Lino de Macedo, membro do Instituto PENSI (Pesquisa e Ensino em Saúde Infantil), do Hospital Infantil Sabará (SP).

O que seu filho aprende desenhando

Enquanto desenha, seu filho adquire muitos aprendizados. O primeiro deles é controlar o giz de cera, o lápis ou a caneta. Usar o dedo indicador e o polegar, em um movimento de pinça, é resultado do desenvolvimento da coordenação motora fina. Ao escolher o que desenhar, mesmo que os traços sejam entendidos apenas por ele, a criança está expressando seus pensamentos. Sim, desenhar é uma forma de comunicação. “É uma maneira de demonstrar sua percepção do mundo à sua volta, da situação que está vivendo”, diz a educadora Lisie De Lucca, coordenadora de cultura do Colégio Porto Seguro, em São Paulo.

Diferente do desenvolvimento motor, por exemplo, em que os passos se tornam cada vez mais firmes com o passar do tempo, o desenho não apresenta um crescimento linear. Ou seja, seu filho pode voltar a fazer garatujas (traços iniciais) mesmo que já tenha aprendido a desenhar algumas formas. Não há problema algum nisso. “É importante que os pais não tentem direcionar os traços para o ‘jeito certo’ ou ‘mais bonito’”, alerta a educadora Suzy Vieira de Souza, coordenadora de Educação Infantil do Colégio AB Sabin (SP). Muitas crianças chegam ao Ensino Fundamental com a expressividade bloqueada justamente por causa desse corte que tiveram na infância.

Além disso, é comum ver pais e mães preocupados com o desenho do filho, fazendo quase uma leitura psicológica. Vale lembrar que esse tipo de interpretação cabe apenas a profissionais habilitados, como psicólogos e psicopedagogos, em ambientes como consultórios, que possuem outras ferramentas para uma correta análise.

Como incentivar

Ofereça materiais diversos
Papéis coloridos e de diferentes tamanhos e gramaturas, giz de cera, lápis de cor, canetinhas, tintas e pincéis. É importante que a criança tenha acesso a variados materiais para desenhar, criar e se expressar. Cada um vai proporcionar um desenho diferente. Quanto maior a variedade, mais experiências.

Aumente o repertório
Leve seu filho ao parque, a exposições de arte, a museus, ao zoológico. Mostre fotografias e conte histórias apresentando as ilustrações do livro. É assim que ele aumenta as referências (e a criatividade) para desenhar.

Ajude-o a observar e reparar nos detalhes
Procure despertar o olhar do seu filho. Use o cotidiano. Chame a atenção dele para uma janela grande, para as cores da água do mar, até para o desenho no chão com as gotas de água saídas de um regador, por exemplo. Descubram juntos texturas, formatos de folhas e de nuvens…

Proponha um desafio
Durante um desenho em família, ofereça um tema para o seu filho. Pode ser um animal ou uma situação. Mas resista à tentação de criar modelos, ou seja, comparar o seu trabalho com o dele, corrigir ou mostrar qual é o mais bonito.

Para desenhar, use papéis em branco
Para que seu filho possa usar a própria criatividade livremente, o ideal é que ele tenha acesso a papéis em branco. Só dessa forma, ele pode fazer o que quiser. Quando você oferece um desenho para ele colorir, ele passa a entender que aquele é o modelo certo e bloqueia sua imaginação. É claro que, de vez em quando, não há problema algum pintar um desenho, mas desde que isso não se torne uma regra, ok?

Fonte: Revista Crescer.

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